quarta-feira, 31 de março de 2010

Ícaro

Qual será o preço da verdadeira Liberdade?
Como e Quando podemos dizer que somos de facto livres?
Existem momentos em que nos sentimos verdadeiramente livres, por um curto espaço de tempo, sem barreiras ou restrições. Momentos tão curtos, que de tão curtos, nem nos apercebemos o quanto importantes e significativos são.
Ninguém e realmente solto de amarras, pois , todos nós temos algo que nos prende, seja outrem ou nos próprios.
Presos em nós mesmos, numa gaiola mental de seu nome consciência , que não nos permite expandir para alem de valores básicos incutidos na aprendizagem de um ser social. Valores esses que nos submetem a uma cooperação, a uma adjudicação de livre-arbítrio em prol de uma comunidade.
Se está certo? Está, visto que numa coexistência sã há que respeitar também a liberdade alheia.
Mas então como encontrar a liberdade individual num mundo plural?
A solidão poderá trazer essa liberdade de pensamento. Viajando só dentro do eu, explorando os recantos da nossa singular existência, descobrindo a luz interior que existe para além da física.
Talvez aí possamos voar. Voar livres de preconceitos e julgamentos, de ideias formadas e pré- formatadas. Viveremos sós, apenas acompanhados pelo nosso infinito imaginário... Mas tudo tem um preço...
Vivermos livres sem fronteiras como o pensamento, mas sem ninguém com quem partilhar este nosso maravilhoso mundo recém descoberto.
Podemos voar, como ícaro voou com suas asas de cera, alertado por seu pai, consciente do limite. Podemos, como ele, tentar não nos resignar a um comum momento e ir mais além. Exceder os limites do razoável e voar livres infinitamente... 
Como todos, Ícaro tombou na sua curta e inconsciente busca da Liberdade, pagando assim duas moedas de prata ao barqueiro. E tu? Que preço pagarias pela tua pura Liberdade?

quarta-feira, 17 de março de 2010

nem tudo o que luz é Ouro

Voltaire disse: "No que toca a dinheiro, o Homem não tem religião".
A Humanidade,perdida em si mesma, tornou-se de facto escrava de um objecto. Uma simples moeda.
Obcecada por possui-Lo, obrigada a te-Lo, vive num beco sem saída, onde este objecto controla tudo o que a circunda.
Sem alternativa procura, avidamente por Ele, chegando a extremos para consegui-Lo, deixando de lado valores, raízes e costumes.
Quem o despreza é muitas das vezes tratado como indigente, posto de parte da sociedade consumista que Ele criou como um plano maquinal de controlo de massas.
Cegos, seguimos na direcção por Ele comandada, vivendo no medo de perde-Lo, e rejubilando quando o ganhamos, incautos ao facto de sermos apenas um meio para que o seu poder supere o que acreditamos.
Esta sim é a maior e melhor forma de controlo.
Muitas formas já foram tentadas para controlar a mente Humana, para nos pôr inertes e obedientes.
Através da religião, induzindo o medo de um Deus com o poder de nos castigar pelo não cumprimento de "normas" instituídas por um punhado de comuns mortais.
Embora esta vertente ainda exista, cada vez menos força tem, pois hoje em dia existe uma nova "religião", um novo Deus, um novo tipo de controlo de seu nome Dinheiro.
Este não só pega no medo, mas vai mais longe, aos recônditos cantos da natureza Humana, trazendo ao de cima os grandes defeitos inerentes ao animal racional. A Ganância e a inevitável Inveja.
É assim que a Humanidade se afunda. Agarrada a uma corrente de ouro que ela própria forjou. 


quinta-feira, 11 de março de 2010

Atena

Comemorou-se esta semana o dia internacional da Mulher. 
Fez, neste passado dia 8, 153 anos que as operarias de uma grande fabrica de tecidos de Nova York, recorreram a greve afim de reivindicarem melhores condições laborais. Entre elas a redução da carga horária das dezasseis horas exigida pela empresa, para as dez horas, assim como melhores salários, equiparando-se assim ao universo de trabalhadores masculinos, executantes do mesmo tipo de trabalho.
A manifestação feminina foi reprimida com grande violência, encarcerando 130 trabalhadoras no interior da fabrica posteriormente incendiada trazendo uma desumana morte a quem simplesmente lutava pelo respeito e dignidade.
Somente 47 anos depois, em 1910 este dia trágico foi reconhecido na Dinamarca como o "Dia internacional da mulher", em homenagem a todas as mulheres que, por se insurgirem contra algo errado, tiveram um severo fim.
Este dia não serve apenas para comemorar uma data, mas também para tema de reflexão para o papel da Mulher no mundo activo, não só laboral, como também social.
A discriminação sempre foi parte integrante da nossa sociedade, nas suas múltiplas formas, e esta e uma delas. Numa sociedade imperfeita critica-se a diferença quando todos nos achamos indivíduos únicos e inevitavelmente diferentes.
Enquanto o mundo se trona cada vez mais numa aldeia, este tipo de ideologia  não tem lugar num presente ou num futuro próximo. 
Não se trata de evitar, por assim dizer, esta linha de pensamento em relação, tanto ao sexo , raça ou religião. trata-se sim de erradicar de uma vez por todas este sentimento absurdo de diferença entre seres racionais.
Apesar de cada dia ser um passo para  a extinção desta visão desactualizada sobre o mundo e os seus habitantes, ela subsiste, muitas das vezes resguardada numa lei que defende a igualdade mas que por meandros a retira, dando razão a quem comete este tipo de infracções anti-sociais.
Hoje, o meu apelo, e que a igualdade se insurja contra as diferenças que o Homem criou no seio da sua comunidade. Desprezando qualidades individuais em prol de um sexo apelidado de forte e que as Mulheres do mundo não sejam vistas como apenas mulheres mas sim como cidadãs do Mundo.
Não deixemos que a tragédia de 130 Mulheres passe despercebida, essa sim e a melhor homenagem.

quarta-feira, 3 de março de 2010

pecadores silenciosos

Quem somos nós povo de silêncio?
Que mais não somos do que revolucionarios de café, anarquistas mudos, seguidores de conformismo?
Hoje digo, somos fracos de espirito. Resignados a um estado vegetativo de acção, deambulamos entre pensamentos revolucionários, apenas partilhados com tantos outros mas que nao nos levam a lado nenhum.
Morreu o orgulho de abril. Esmoreceu a vontade de ser livre. Nasceu uma nova fracção de subjugados a algo que nos revolta calados.
Ja nao se levantam estandartes. Ja nao se juntam as massas reenvindicando direitos. Já não grita-mos em unissono, estremecendo o "Homem".
Caminha-mos para o precipicio da razão, e como cegos continuamos em frente, sem pensar ligeiramente em remar contra a corrente.
Proximos de um apocalipse social, imputando culpas a um nome, quando somos nos proprios que lhe damos esse poder soberano. 
Entao se o poder já não reside na mão do povo afinal quem o tem?
E se esse poder lhe pertencia, quem abdicou dele?
Chega de conversas de café e de opiniões formadas sem resultados. Chegou a hora de agir.
Chega de pensar que outros estão piores, pois esses outros somos nos também. façamos por nós, ajamos por eles, juntos...
Digamos a alto e bom som, para sermos ouvidos, BASTA... 
Sejamos unos e lavemos este pecado capital de seu nome silêncio...

B.d.